terça-feira, 27 de março de 2012

Eckhart e o poder do Agora.

Eu, como todos vocês sabem, sou ecumenica.
Foi com  O poder do Agora que conheci o trabalho do alemão Eckhart Tolle, há sete anos.
Toller vendeu mais de 10 milhões de livros traduzidos  para 33 línguas. Nasceu Ulrich e tornou-se Eckhart ( nome de um mestre espiritual da Alemanha  medieval)
após uma epifania, aos 29 anos, que marcou o fim de uma vida infeliz.
Foi pesquisador na Universidade de Cambridge e andarilho em Lon­dres. Já viveu na Espanha, na Inglaterra e atualmente sua base fica no Canadá, mas passa a maior parte do tempo dando palestras pelo mundo.
Bem, até os 29 anos ele viveu em um diferente estado de cons­ciência. Se, como criança ou um jovem adulto, ele estivesse no mes­mo estado de consciência em que está agora, claro que poderia lidar com os problemas externos e com sua própria mente, mas na épo­ca não era possível, pois ele estava em outro estágio de consciência, identificado com a sua mente.

Até os 29 anos, sua mente era bem disfuncional, produzindo uma quantidade enorme de pensamen­tos negativos. Ele vivia em estados de depressão e contínua ansiedade. Foi somente aos 29 que ocorreu a separação entre a consciência maior de quem ele era ou o eu sou – o Eu Sou que vai além do eu pessoal – e o fun­cionamento da mente. Seu sofri­mento era causado aparentemente por circunstâncias externas, mas primariamente pela sua própria mente. O sofrimento é sempre uma reação aos eventos externos.
Como ele descreveu na introdução do livro O poder do Agora, ele acordou no meio da noite, o que não era incomum, e se sentiu extremamente ansioso e deprimido com a vida. Muitos pensamentos passando pela sua cabeça, seu corpo estava tenso e o sofrimento era intenso. De repen­te, um pensamento: "eu não posso mais viver comigo mesmo."
Naquele momento aquele era so­mente mais um pensamento nega­tivo, mas que disparou algo. Ele se distanciou daquele pensamento, e pode olhar para ele. Pareceu estra­nho quando ele olhou para aquele “eu não posso mais viver comigo mes­mo”. Ficou perplexo, pois nesse pensamento havia duas entidades – uma era o “eu” e outra era o “eu mesmo”, com a qual “ele” não con­seguia mais viver. Pôde ver uma divisão e se perguntou:
Eu sou um ou dois? Se não posso viver co­migo mesmo, quem sou eu? Quem, ou o que é o “eu mesmo”  com quem não posso viver?

Este último pensamento foi muito im­portante, pois depois deste, ele não conseguiu uma resposta no nível do pensamento, conceitual. Mas uma resposta mais profunda sur­giu, e nessa resposta percebeu quem ele era, mas não podia explicar. Aquele eu infeliz não era quem ele era realmente. Ele era a consciên­cia mais profunda por detrás dele. Naquele momento ocorreu uma separação entre o pensamento e a consciência. A consciência já não estava mais presa nos movimentos do pensar, havia se libertado da sua identificação com o pensamento – e esse pensamento contínuo era o “eu mesmo”, o eu pessoal – basica­mente uma ilusão, uma percepção ilusória de identidade. Na manhã seguinte acordou profundamente em paz, e não sabia por quê. Te­m estado, desde então, sempre em paz. Mais pra frente, alguns monges budistas lhe expli­caram que o ensinamento básico de Buda é que o “eu pessoal” (self) é uma entidade ilusória, e assim percebeu que era exatamente o que havia acontecido com ele  naquela noite – a percepção do eu pessoal como ilusório.

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