Eu, como todos vocês sabem, sou ecumenica.
Foi com O poder do Agora que conheci o trabalho do alemão Eckhart Tolle, há sete anos.
Toller vendeu mais de 10 milhões de livros traduzidos para 33 línguas. Nasceu Ulrich e tornou-se Eckhart ( nome de um mestre espiritual da Alemanha medieval)
após uma epifania, aos 29 anos, que marcou o fim de uma vida infeliz.
Foi pesquisador na Universidade de Cambridge e andarilho em Londres. Já viveu na Espanha, na Inglaterra e atualmente sua base fica no Canadá, mas passa a maior parte do tempo dando palestras pelo mundo.
Bem, até os 29 anos ele viveu em um diferente estado de consciência. Se, como criança ou um jovem adulto, ele estivesse no mesmo estado de consciência em que está agora, claro que poderia lidar com os problemas externos e com sua própria mente, mas na época não era possível, pois ele estava em outro estágio de consciência, identificado com a sua mente.
Até os 29 anos, sua mente era bem disfuncional, produzindo uma quantidade enorme de pensamentos negativos. Ele vivia em estados de depressão e contínua ansiedade. Foi somente aos 29 que ocorreu a separação entre a consciência maior de quem ele era ou o eu sou – o Eu Sou que vai além do eu pessoal – e o funcionamento da mente. Seu sofrimento era causado aparentemente por circunstâncias externas, mas primariamente pela sua própria mente. O sofrimento é sempre uma reação aos eventos externos.
Como ele descreveu na introdução do livro O poder do Agora, ele acordou no meio da noite, o que não era incomum, e se sentiu extremamente ansioso e deprimido com a vida. Muitos pensamentos passando pela sua cabeça, seu corpo estava tenso e o sofrimento era intenso. De repente, um pensamento: "eu não posso mais viver comigo mesmo."
Naquele momento aquele era somente mais um pensamento negativo, mas que disparou algo. Ele se distanciou daquele pensamento, e pode olhar para ele. Pareceu estranho quando ele olhou para aquele “eu não posso mais viver comigo mesmo”. Ficou perplexo, pois nesse pensamento havia duas entidades – uma era o “eu” e outra era o “eu mesmo”, com a qual “ele” não conseguia mais viver. Pôde ver uma divisão e se perguntou:
Eu sou um ou dois? Se não posso viver comigo mesmo, quem sou eu? Quem, ou o que é o “eu mesmo” com quem não posso viver?
Este último pensamento foi muito importante, pois depois deste, ele não conseguiu uma resposta no nível do pensamento, conceitual. Mas uma resposta mais profunda surgiu, e nessa resposta percebeu quem ele era, mas não podia explicar. Aquele eu infeliz não era quem ele era realmente. Ele era a consciência mais profunda por detrás dele. Naquele momento ocorreu uma separação entre o pensamento e a consciência. A consciência já não estava mais presa nos movimentos do pensar, havia se libertado da sua identificação com o pensamento – e esse pensamento contínuo era o “eu mesmo”, o eu pessoal – basicamente uma ilusão, uma percepção ilusória de identidade. Na manhã seguinte acordou profundamente em paz, e não sabia por quê. Tem estado, desde então, sempre em paz. Mais pra frente, alguns monges budistas lhe explicaram que o ensinamento básico de Buda é que o “eu pessoal” (self) é uma entidade ilusória, e assim percebeu que era exatamente o que havia acontecido com ele naquela noite – a percepção do eu pessoal como ilusório.
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