sexta-feira, 15 de abril de 2011

Meus estudos....Jean Yves Leloup.

Jean Yves Leloup
                        


                             Jean Yves Leloup foi outro grande Guru na minha vida de buscadora da Luz e da cura. Este desde que veio a 1ª vez ao Brasil eu já fui encontrá-lo no Rio de Janeiro e tenho fotos belas com ele. Uma vez tiradas em Brasilia na Universidade da Paz. Fizeram-lhe um dia uma pergunta sobre o caso da menina  de Olinda, que ficou grávida aos 9 anos, após ser estuprado pelo padrasto,  a justiça e a medicina concordaram que ela não sobreviveria à gestação e concordam com o aborto e os arcebispos de Olinda excomungam todos os envolvidos.
Eis a resposta dele.

                            Nós poderíamos perguntar o que teria feito o Cristo. Eu acho que Ele não teria escutado nem o juiz nem o arcebispo, Ele teria ido ver a menina para cuidar dela e escutar, naquele momento, aquilo que a Vida estaria Lhe inspirando.

                           É claro que se a vida da mãe e a vida da criança estão em perigo é preciso escolher que um dos dois sobreviva, se os dois não podem sobreviver. Depois, é preciso escutar o sofrimento desta menina e, o que pode ser ainda mais difícil, saber o que conduziu o padrasto a esta atitude.
                        Contudo, tanto em um caso como em outro,  nós não estamos em uma atitude de julgamento, em uma atitude onde devamos fazer isto ou aquilo. Trata-se de escutar a pessoa que está sofrendo, escutar aquilo que a Vida deseja nela, pois a vontade de Deus é a vontade da Vida que quer viver.
                         Como não acrescentar sofrimento ao sofrimento? O que pode nos parecer dramático é o fato da culpa ser acrescentada ao sofrimento - acrescentamos mal ao mal....
                         No Evangelho, nós nunca vimos Jesus excomungando alguém e, antes de tudo, será que é possível excomungar alguém? O diabo não pode nos separar de Deus se permanecermos fiéis à Sua Presença. Se o diabo não pode nós separar de Deus, um arcebispo também não!
                        Confesso que há alguma coisa que eu não compreendo nisto tudo: é este encadeamento de excomunhões. Se eu estivesse de mau humor, eu diria que a única pessoa que o arcebispo não excomungou é o padrasto que é o culpado...
No entanto, não é essa a questão. Nenhuma igreja, nenhum ser humano tem o poder de  nos excomungar: Nós não podemos separar um ser da Fonte do Ser, não podemos separar a consciência da Fonte da Consciência, mas podemos envenenar e perturbar a vida dos outros...
                       Isso é grave. Normalmente, a função da igreja não é a de nos envenenar a vida, mas a de curar o nosso sofrimento, de aliviar a nossa dor. Aliviar a dor dessa menina, aliviar a dor daqueles que a cercam e não culpabilizar aqueles que estão tentando ajudá-la, pelo contrário, ajudá-los no seu discernimento para  saberem o que é melhor para essa menina. 
Essa é a função da igreja. Não é sua função condenar ou excomungar, senão ela se tornará uma instituição como qualquer outra que está a serviço do poder e o poder sobre as almas é algo muito perigoso, mais perigoso do que o poder sobre os corpos. É por isso que sempre é bom voltarmos aos Evangelhos ou, simplesmente, voltar ao nosso coração e não nos deixarmos impressionar por leis externas, mesmo as leis religiosas. A lei a qual obedecemos é a lei da Vida e o espírito que está em nós é o Espírito da Vida. É isso que dirá São Paulo. Não dependemos mais de leis externas. Trata-se de escutar a Vida em nós, de escutarmos a Luz em nós, de escutar o Amor em nós, de escutar a Presença do Eu Sou que É porque  aí está o discernimento. No entanto, algumas vezes é preciso coragem para encarar estas instituições que talvez estejam se esquecendo dessa dimensão do ser. Muitas vezes, estas instituições são vítimas de suas própria s ideologias.
                              É interessante escutar os argumentos do arcebispo de que não devemos destruir a vida. Mas vocês podem sentir que a sua teoria está separada da realidade. Seus grandes princípios, que não são ruins, esquecem aquele caso em particular. E existem apenas casos particulares. Não podemos legislar de uma maneira geral porque o amor é sempre o amor por um caso em particular. O que é verdadeiro para um pode não ser verdadeiro para o outro. A nossa prática de meditação  pode nos ajudar a nos tornar atentos a essa via interna, a essa lei interna, que não julga a priori, nem com princípios políticos, nem com princípios médicos, nem com princípios religiosos, mas que está em contato com a Realidade; que escuta o que a Vida em outra pessoa e o que a Vida em nós pede.
                              Talvez essa seja a condição para exercermos um ato justo, uma condição que deixe o nosso coração em paz mesmo que, à nossa volta, nós não compreendamos.  É importante o critério dessa paz interna, esse sinal de que existe uma unidade no interior de nós mesmos.
 Penso nas palavras de São Serafim de Sarov:
"Encontre a paz no interior de você mesmo e uma multidão será salva ao seu lado..."
                           Ache a paz no interior de você mesmo e você descobrirá o gesto justo que não vai ser uma ideologia, ou um grande princípio, mas o respeito pela Vida na sua fragilidade e na sua vulnerabilidade.
                          Teríamos muito a dizer sobre todas essas questões, mas o que eu acho importante é que cada um descubra a resposta que vem do seu interior.  Ninguém tem o direito de pensar no seu lugar.  O papel de um ensinamento, o papel de uma comunidade ou de uma igreja não é dizer o  que devemos fazer, aquilo que é bom e o que é ruim, mas de nos dar elementos para esclarecer o nosso discernimento, para que nós nos tornemos inteligentes, uma inteligência esclarecida e iluminada pela compaixão.




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