domingo, 20 de fevereiro de 2011

FAMÍLIA-TIOS... DE NOVO KLAUSS

               Ontem lembrei-me de tio Klauss porque gostávamos muito de Rainer Maria Rilke e o livro Cartas a um Jovem Poeta fui eu que dei a ele de presente num de seus aniversários. Ao seu filho único, ele e Angel sua esposa, deram o nome de  Rainer.
                O Teatro Sesi Minas encenava ontem, Franz Kafka com a Carta ao seu Pai  e Rilke com Cartas a um Jovem  Poeta.  Cartas foram algo muito importante e definiram em grande parte a minha vida. Resolvi ir e acabei gostando do programa diferente. Um dos artistas era sobrinho do Raul Cortez. Este assisti no Rio de Janeiro há tempos quando mamãe era viva. Foi o monólogo  mais lindo que já assisti na minha vida. Superou em muito As mãos de Euridice. Rodolfo Mayer que me perdoe. Duas horas com Raul Cortez foram minutos...
               Ontem confesso que cansei-me um pouco não sei se porque o assunto pais e filhos já é hoje muito explorado OU se fui contando ver mais Rilke - também por sua espiritualidade. Mas valeu o dia tão diferente, onde eu era a única coroa, e sozinha, no meio dos jovens estudantes de pisicologia.
               A cidade de PRAGA, onde estive rescentemente com minha amiga Arilze, foi a cidade natal de Kafka e Rilke. É deste  último esta frase linda:
As obras de arte são de uma infinita solidão.
Nada as pode alcançar.
Só o AMOR as pode compreender.
                Em Cartas  a um jovem poeta RILKE escreve o roteiro da dolorosa passagem rumo à ESSÊNCIA. O ato de arrancar a fantasia cotidiana grudada à carne não significa apenas recolher-se à solidão seminal da criação, mas especialmente, desistir da moeda mais cobiçada - o reconhecimento; cruzar o pior dos umbrais - a indiferença. Ao aconselhar a solidão em vez do brilhareco da vida literária RILKE reconhece nela a verdadeira face da natureza humana, a fonte da arte que não pode ser apartada de uma vida norteada pela ética.
               Cem anos depois as cartas funcionam como uma epécie de alerta para os vícios da nossa época. É como se Rilke nos esperasse no futuro, com seus princípios intactos; não para cobrar a conta, mas com sua iluminação eternamente disponível para uma vida mais completa.
               Esse teatro que assisti me lembrou tanto você, meu tio Klauss, que me faz pensar no que falou  Fabio Takeu:  Por que falar no pai? Porque falar do Pai numa época como a nossa?
               Porque, se temos  Rilke, e você, meu tio KLAUSS?

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