Eu gostaria de sair para outras viagens mais alegres, pois esta segunda vez à Índia já foi bem decepcionante - eu a encontrei globalizada.
Já havia violência e roubo, os filmes americanos agressivos e não aqueles românticos e maravilhosos do passado - da antiga Bollywood, cidade do cinema que eles tem.
As mulheres já usavam calças como homens...
Puttapartthy tinha estrada de ferro e aeroporto, os pobres já pediam dólar e não mais rupias, as servas que nos levavam ao Sai Baba eram grosseiras e sem paciência. Roubaram até bolsa com passaporte onde éramos obrigados a deixar todos os pertences para segurança do Sai Baba.
O dinheiro já tinha realizado o seu trabalho de assumir a liderança da felicidade. A pobreza já era infeliz e revoltada. Os jornais, que não noticiaram um só crime da primeira vez que lá estive por um mês, estavam quase iguais aos nossos jornais daqui.
Saímos de Puttapartthy para passarmos o natal em White Field, aliás o Natal mais cristão que já vi. O recinto era maior que um grande campo de futebol, o teto todo estava cheio de estrelas douradas dependuradas e as colunas todas envoltas de guirlandas douradas e floridas. As flores angélicas, perfumadíssimas, estavam por todo lado, e o altar onde Sai Baba se assentava era todo coberto de rosas e angélicas.
Em cima do "tipo trono" do guru passavam escritos luminosos o tempo todo: JESUS NOS AMA, JESUS QUER QUE NOS AMEMOS UNS AOS OUTROS, etc... As músicas eram todas ocidentais, cantadas e tocadas pelos alunos da escola de música, o ritmo perfeitíssimo, e SAI BABA estava emocionadíssimo com os cantores.
Foram também distribuídas caixas e caixas de doces gostosos.. Não sei como chegavam doces a todo mundo, era muita gente - como a nossa exposição de gado em Uberaba, quando está cheia... Todo mundo era assentado no chão bem apertadinho uns aos outros, gente do mundo inteiro! Mas a mudança de espirito da Índia foi grande demais em 5 anos... já havia empurrões e grosserias como aqui. Só o amor e a alegria deste Natal foram contagiantes e esta não quero esquecer jamais - apesar da Índia desta vez não ter sido para mim nem um pouco auspiciosa.
Fiquei doente com uma tosse horrível que não passava e não me deixava dormir; até as minhas companheiras de quarto, uma a uma, foram arrumando outro alojamento. Acabei ficando sozinha sem as companheiras de São Paulo que havia conhecido no aeroporto. Foram 15 dias de tribulação - o desconforto era o de sempre, o banho frio e o quarto precário.
De repente comecei a aceitar o medo, a doença e a solidão para livrar-me então dos três. Foi quando compreendi que a noite e o dia não faziam diferença mas que para escrever a sombra da noite inspirava mais - e melhor.
Disse alguém que a gente não aprende, apenas se recorda e no meu trabalho apaixonante de auto-cura era preciso trombar frequentemente com novas verdades.
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